Dúvidas frequentes da gestante sobre analgesia e anestesia

Dúvidas frequentes da gestante sobre analgesia e anestesia

Por Dr. Ruy Leite de Melo Lins Filho

Como deverei escolher o anestesista para o meu parto?
O anestesista ou anestesiologista é o médico responsável por prover as condições necessárias para que procedimentos cirúrgicos possam ser realizados com segurança e conforto para o paciente, incluindo analgesia e condições clínicas adequadas. Além disso, é responsável também por promover analgesia para situações diversas, tais como para o parto normal, para o período pós-operatório, e para pacientes com dor crônica.
Para que tudo ocorra da melhor forma possível, é necessário que haja um perfeito entrosamento entre todos os membros da equipe médica, incluindo anestesista, obstetra e pediatra.
Assim, o ideal é que o anestesista escolhido seja o que trabalha habitualmente na equipe que fará o seu parto, ou no hospital onde ele será realizado.

É necessário conversar com o anestesista antes do parto?
O ideal é que você seja atendida pelo anestesista na consulta pré-anestésica, que pode ser realizada algumas semanas antes da data provável do parto. Quando o parto ocorrer antes da data prevista, e esta consulta não tiver sido realizada, a avaliação pré-anestésica deverá ser realizada antes de você ir para a sala de parto, ou mesmo já na sala de parto, em situação de emergência.
Na consulta pré-anestésica o anestesista irá fazer uma avaliação clínica para definir a técnica anestésica mais adequada para você, além de dar as orientações necessárias e esclarecer todas as suas dúvidas.

Qual a melhor anestesia para o parto?
A técnica anestésica indicada depende de suas condições clínicas e do procedimento que será realizado.
Para cesariana, a técnica anestésica mais utilizada hoje em todo o mundo é a raquianestesia. Em determinadas situações pode ser usada a peridural contínua ou a raqui-peridural combinadas e, raramente, pode ser indicada a anestesia geral.
Para o trabalho de parto e parto normal não é realizada uma anestesia, e sim uma analgesia, que tem o objetivo de aliviar a dor e dependerá da intensidade da dor referida, da preferência da gestante e da fase em que está o trabalho de parto

Eu precisarei tomar remédio para dor no parto normal?
O trabalho de parto e o parto são diferentes para cada mulher. Muitas coisas afetam a dor que você pode sentir, incluindo:
• O tamanho e a posição do bebê
• A força das contrações
• O quanto você consegue lidar com a dor
O primeiro passo para controlar a dor é aprender sobre suas escolhas e fazer um planejamento com seu médico, mas esteja aberta a mudanças. O curso do nascimento de um bebê pode ser imprevisível.
Você pode não precisar, ou mesmo não querer medicação para a dor. Algumas mulheres têm bebês sem analgésicos.
Elas gerenciam as sensações do parto através de outras alternativas, incluindo exercícios para relaxamento e respiração, hipnose e massagem. Se você quiser ter um parto sem analgésicos, é importante aprender e praticar estas técnicas antes de ir ao hospital para dar à luz. Lembre-se que você pode mudar de ideia durante o trabalho de parto e isto não é sinal de nenhuma fraqueza de sua parte. O trabalho de parto muitas vezes dói mais do que você pensa que vai doer e mudar sua mente sobre o alívio da dor é uma possibilidade.
A dor do parto é causada pela contração uterina e pela pressão no colo do útero. A dor pode ser sentida pela pressão do bebê sobre a bexiga e intestino, e por sua passagem através do canal de parto. Algumas mulheres descrevem dor nas costas e quadris. Pode ser descrita como cólica menstrual ou cólica intestinal.

Quais são as opções de alívio da dor?
Os dois principais tipos de medicamentos para a dor usados em trabalho de parto e parto são analgésicos e anestésicos.
• Analgésicos são medicamentos que ajudam a aliviar a dor, mas não o fazem completamente. Também podem reduzir a ansiedade, e ajudam a relaxar. Durante o parto devem ser administrados de forma controlada, segundo avaliação do anestesista.
• Anestésicos são medicamentos utilizados no parto em doses baixíssimas, com o objetivo de bloquear a sensação dolorosa, mas preservando as demais sensações e a força. Dependendo de como, e onde eles são fornecidos, podem agir em uma área específica (anestesia local) ou numa região de seu corpo (anestesia regional). A anestesia regional é a mais usada durante o trabalho de parto e o parto.

Como a anestesia regional é dada?
Seu anestesiologista injetará medicamentos, incluindo anestésico local e analgésicos, próximos aos nervos da parte inferior das costas para bloquear o desconforto das contrações. O medicamento será injetado enquanto você está sentada ou deitada de lado.
Para essa injeção são utilizadas agulhas muito finas e anestésico local, de forma que não haja dor durante sua administração.
Um cateter pode ser deixado na coluna, no espaço chamado peridural, para que mais medicamentos possam ser administrados, se houver necessidade,

Quando é administrada a anestesia regional?
O melhor momento para administrar a anestesia regional varia, dependendo de você e da resposta do seu bebê ao trabalho de parto.
Se você solicitar anestesia regional, o seu obstetra e o anestesista discutirão com você sobre os riscos, benefícios e o momento da anestesia regional.
Se você solicitar anestesia regional, poderá receber anestesia peridural ou raquidiana, ou uma combinação das duas. Seu médico anestesista selecionará o tipo de anestesia regional com base em seu estado geral de saúde e no progresso de seu trabalho de parto.

A anestesia regional pode afetar o bebê?
Os dados disponíveis na literatura, e verificados na prática diária, comprovam que a anestesia regional, quando administrada de forma correta e por profissional médico habilitado, é segura para você e para o seu bebê, e pode trazer benefícios para ambos.

Quanto tempo leva para fazer efeito a anestesia regional e quanto tempo dura seu efeito?
O tempo que a anestesia regional leva para fazer efeito depende da técnica utilizada, variando de 5 minutos aproximadamente (na raquianestesia), para 15 a 20 minutos (na peridural).
A duração depende também da técnica e dos medicamentos utilizados, mas como em geral é deixado o “cateter”, doses adicionais dos medicamentos são utilizados, de modo que a analgesia permanece enquanto durar o trabalho de parto e o parto.

Eu tenho que permanecer na cama após a anestesia regional?
Não necessariamente. Seu anestesiologista pode adaptar a anestesia para permitir que após alguns minutos e fazendo testes para avaliação de sua força, você possa sentar, caminhar, e executar movimentos que favoreçam a evolução do trabalho de parto.

Após a analgesia ficarei completamente sem dor?
Embora você sinta alívio significativo da dor, é provável que ainda sinta pressão ou algum desconforto durante as contrações, ou quando for examinada por seu médico.
Com a evolução do trabalho de parto, é possível que volte a ocorrer alguma dor, que deverá ser aliviada por medidas adotadas pelo anestesista.

Anestesia regional interfere no trabalho de parto?
Em algumas mulheres, as contrações podem diminuir após a anestesia regional durante curto período de tempo. A maioria das mulheres acha que a anestesia regional as ajuda a relaxar e, na verdade, melhora seu padrão de contração, permitindo que descansem.

Se eu for anestesiada conseguirei fazer força?
Sim. A anestesia regional permite que você descanse confortavelmente enquanto o colo do útero dilata. Quando o colo do seu útero estiver completamente dilatado e for hora de fazer força, você terá energia de reserva e força suficiente. A anestesia regional não deve afetar sua capacidade de empurrar. Isso tornará o ato de empurrar mais confortável para você.

Quais são os efeitos colaterais da anestesia regional?
Como a dose de anestésicos utilizada na analgesia de parto é muito baixa, é pouco provável que efeitos colaterais importantes ocorram e seu anestesiologista tomará precauções especiais para evitá-las.
Na dose utilizada o efeito colateral mais comum é prurido (coceira), em geral de leve intensidade.
Hipotensão arterial é rara na dose utilizada e corrigida prontamente com tratamento específico.
Dor de cabeça pode ocorrer, mas tem incidência muito baixa, com as agulhas de calibre muito fino hoje utilizadas.

Enfim, recomendamos que você procure com antecedência ser atendida por um dos anestesistas que façam parte da equipe que fará o seu parto, para esclarecer todas as suas dúvidas e informar suas necessidades e preferências.
Se pretende consultar a literatura ou sites na internet, procure os dados disponibilizados pelas sociedades de anestesiologia nacionais ou estrangeiras, ou sites de hospitais especializados, que disponibilizam informações corretas, com embasamento científico, que poderão dar a orientação que você procura de forma adequada.
Evite informações equivocadas fornecidas por leigos.

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